LIFE Iberconejo e MAPA lançam as bases para estudar a situação do coelho-bravo na Península Ibérica

Conejo de monte en Sierra Morena
Conejo de monte en Sierra Morena © Sergio Marijuan-WWF

Depois de mais de um ano de trabalho, as administrações de Espanha e Portugal delinearam hoje um sistema de monitorização pioneiro para compreender a situação do coelho-bravo na Península Ibérica. Um passo essencial para melhorar o estado das populações da espécie.
O coelho-bravo é uma espécie chave dos ecossistemas mediterrânicos, sendo a principal presa de espécies icónicas como o lince ibérico ou a águia imperial ibérica. É também uma das espécies mais importantes do ponto de vista socioeconómico, pois é a principal caça menor e o animal selvagem que mais prejudica a agricultura no caso espanhol.

Apesar da sua relevância, não existe atualmente informação adequada e suficiente à escala ibérica sobre o estado das suas populações, o seu estado de saúde ou o seu impacto na agricultura em determinadas áreas. Colmatar esta falta de informação é o ponto de partida essencial para uma boa gestão da espécie e o principal desafio do projeto LIFE Iberconejo, no qual participam como parceiros beneficiários 15 entidades de Espanha e Portugal, de todos os setores envolvidos: associações de conservação da natureza, cientistas, caça, agricultura e administrações.

O acordo alcançado hoje no Ministério Espanhol da Agricultura, Pesca e Alimentação de Madrid entre administrações, ambientalistas, agricultores, caçadores e cientistas é um marco neste sentido: foram acordadas metodologias de monitorização das espécies que permitirão a obtenção de resultados fiáveis, atualizado e comparável a nível peninsular. Estas metodologias foram desenhadas após um processo colaborativo no âmbito do projeto LIFE Iberconejo, no qual participaram especialistas de Espanha e Portugal, e que foram validadas nos testes de campo realizados no âmbito do projeto.

Apoiando-nos em métodos tradicionais de monitorização, procuramos uniformizar metodologias de monitorização e recolha de dados para permitir a análise conjunta da informação e a obtenção de resultados fiáveis ​​e comparáveis. Este sistema tornará mais fácil identificar declínios nas populações de coelhos que possam afectar a conservação de outras espécies, prevenir o aparecimento de danos nas culturas ou estabelecer um alerta precoce de surtos de doenças.

A tecnologia também será fundamental neste esforço. Para a recolha de dados no terreno, o Iberconejo adaptou a plataforma SMART -Spatial Monitoring and Information Tool, na sigla em inglês-. A recolha de dados em tempo real e a sua análise à escala ibérica será possível graças a uma plataforma online desenhada pelos especialistas do projeto LIFE Iberconejo, que poderá ser adaptada no futuro para monitorizar outras espécies.

“O coelho-bravo é uma das espécies mais difíceis de gerir, pois tem duas faces completamente opostas. Nos últimos 70 anos, as suas populações na Península Ibérica diminuíram mais de 90% mas, ao mesmo tempo, há uma superabundância em certas áreas que se reflecte nos danos que causa à agricultura”, explicou o director do projecto, Ramón. Perez de Ayala. “Graças ao esforço de todos os parceiros e agentes envolvidos, estamos a lançar as bases para uma gestão a longo prazo do coelho-bravo que permite preservar o seu papel ecológico vital e reduzir os conflitos sociais associados.”

Sobre o projeto LIFE IBERCONEJO / LIFE IBERCOELHO


O projeto LIFE IBERCONEJO visa compreender e melhorar o estado das populações de coelho-bravo em Portugal e Espanha e, ao mesmo tempo, prevenir os danos que pode causar à agricultura. Desenvolvido na Península Ibérica até Dezembro de 2024, e co-financiado pelo programa LIFE da União Europeia, inclui representantes de todos os agentes sociais envolvidos na gestão do coelho-bravo – administrações, cientistas, associações de conservação, agricultores e caçadores – assim reflectindo o compromisso dos diferentes actores com um objectivo comum.

Comparte esta publicación: